Como ensinar os seus filhos a lidar com o dinheiro

Algumas dicas para ensinar as crianças a manter uma relação saudável com o dinheiro, a poupar e a perceber o seu valor e real importância.

Criança a colocar moedas no mealheiro

Os pais querem sempre o melhor para os seus filhos. O que não significa, necessariamente, querer que eles tenham as melhores roupas, os brinquedos mais recentes ou o último grito da tecnologia. O mais importante é garantir que eles estejam seguros e lançar-lhes as bases para que possam ter êxito na vida.

Especialistas e educadores têm vindo a alertar para a importância de ensinar as crianças a manter uma relação saudável com o dinheiro. Muitos adultos acabam por ter problemas financeiros porque não sabem como lidar com o dinheiro, gastando-o de forma pouco razoável e nada sustentável.

Para evitar estas situações no futuro, para sensibilizar os mais novos para a importância da poupança e para dar umas luzes sobre gestão, é importante começar desde cedo a falar com os seus filhos e educandos sobre economia. Esta não é uma tarefa fácil, tal como nada é fácil em tudo o que está relacionado com a parentalidade.

Muitos pais não ajudam os seus filhos a se tornarem literados financeiramente. Existem estudos que demonstram que quase metade dos pais não discutem dinheiro ou finanças com os seus filhos, evitando ao máximo abordar esse tema. As crianças, por outro lado, estão ansiosas e gostariam que os seus pais lhes ensinassem mais sobre dinheiro.

De facto, “dinheiro” pode ser um tema que muitos pais consideram particularmente difícil de abordar, até mesmo para si próprios. Esta é uma das principais razões pelas quais muitos pais sentem que os seus filhos não devem ser sobrecarregados com responsabilidades adultas, como é o caso das preocupações com o dinheiro. Mas, na realidade, pode ser muito encorajador dar aos seus filhos competências e confiança com dinheiro para que não tenham de lidar com preocupações de dinheiro no futuro

Eis então algumas dicas de como ensinar os mais novos a lidar com dinheiro.

Tenha conversas regulares sobre dinheiro

A primeira dica é não esperar demasiado tempo para começar a abordar este tema! Logicamente, não deve ser intrusivo ou demasiado urgente na introdução deste tópico, mas falar sobre dinheiro e do que considera ser a sua gestão correta, é algo que deve ser feito desde muito cedo, por volta dos 5 anos de idade.

Mantenha com o seu filho conversas regulares sobre dinheiro e economia. Não tenha medo em revelar toda a informação sobre as suas finanças no dia a dia e converse com o seu educando de forma normal sobre este assunto como faria com qualquer outro tópico.

Uma boa oportunidade para o fazer é durante as compras. Pode aproveitar a situação, por exemplo, para explicar o que é o cartão de crédito que está a usar para pagar as compras ou mostrar a diferença entre dois produtos iguais de marcas e preços diferentes e justificar porque compensa levar um e não o outro.

Explique-lhe a diferença entre o valor e o preço, e aquilo que é uma necessidade e o que pode esperar.

Mostre-lhe a realidade

Os pais são os responsáveis por mostrar a realidade aos seus filhos. No entanto, muitos pais dão dinheiro aos seus filhos sem qualquer tipo de regra. Aliás, alguns fazem-no para tentar compensar o pouco tempo que passam com eles. No entanto, isso é errado. Se habituar o seu filho a ter sempre tudo aquilo que quer de “mão beijada” ele nunca vai saber dar o real valor ao dinheiro.

A criança deve perceber que o dinheiro não é retirado da gaveta como por magia, mas que provém de um sacrifício, aprendendo assim a esforçar-se para o conseguir e a valorizá-lo.

Não é necessário sobrecarregar as crianças com as finanças familiares, mas é importante mostrar-lhes como o dinheiro é utilizado em troca de coisas.

Ensine-o a contar moedas

Ensinar a criança a contar moedas também pode ser muito útil para ela compreender quantas moedas são necessárias para comprar algo.

Pode parecer um jogo, mas, na prática, se precisar de 1 moeda para comprar gomas e 30 moedas para comprar um brinquedo, o seu filho poderá distinguir entre as duas despesas de uma forma cada vez mais consciente. Desta forma, começará a aperceber-se que muito dinheiro significa muito esforço.

Dê uma mesada ao seu filho

Criança com um mealheiro

Dar mesada aos filhos é uma excelente ferramenta para entender a importância da gestão e da poupança. Isso ajuda a criança a, futuramente, saber lidar com o seu ordenado. No entanto, não se limite apenas a determinar um valor para a mesada e a entregar-lhe o dinheiro. Discuta com o seu filho quais os seus objetivos para esse dinheiro, qual o valor a poupar para os atingir e como o gastar de forma ponderada e responsável.

Obviamente que uma criança não poderá cobrir as suas despesas com essa mesada simbólica, mas poderá decidir onde gastar o seu dinheiro e considerar uma compra em vez de outra, ficando satisfeito com a decisão ou até mesmo arrependido. Deixe as crianças cometer erros sobre a forma como gastam a sua mesada. Devem aprender através da experiência, e isso inclui cometer o erro de comprar um brinquedo que acaba por ser uma desilusão. Esses sucessos e insucessos fazem parte da aprendizagem.

A quantidade dada à criança deve variar consoante a sua idade e necessidades. Não deve ser um valor exagerado, caso contrário corre o risco de “estragar” a criança desde tenra idade.

Ofereça ao seu filho um porquinho mealheiro e incentive-o a ir colocando lá parte do dinheiro da mesada. Para despertar a sua atenção, pode dizer-lhe que está a juntar dinheiro para um jogo, uma guloseima ou uma ida ao cinema.

No início da adolescência, quando a criança tiver compreendido o conceito de salário, associe a mesada às tarefas domésticas. Dessa forma, será menos provável que gaste o dinheiro pelo qual teve de trabalhar para obter.

Não torne a recompensa com dinheiro num hábito

Alguns especialistas em finanças pessoais defendem que uma criança não deve ser recompensada pelo seu bom desempenho escolar com dinheiro, pois isto poderia ser prejudicial à sua educação, especialmente se for demasiado jovem.

Segundo esses especialistas, dar dinheiro aos seus filhos só porque tiraram boas notas irá recompensá-los por algo que deve ser visto como uma obrigação da criança e poderia levar a criança a explorar estas ações com o objetivo de obter recompensas.

No entanto, deve considerar pedir aos seus filhos que executem determinadas tarefas para ganharem dinheiro. Quase todos nós valorizamos mais o dinheiro ganho arduamente de forma diferente do dinheiro que simplesmente recebemos sem ter feito nada para o merecer.

Existem obviamente algumas tarefas que as crianças devem fazer sem serem remuneradas, porque têm de ajudar como membros de uma família. Mas existem outras tarefas extra que eles poderiam fazer para merecerem uma remuneração. Quanto mais velhos ficarem, mais fácil será encontrar formas de se recompensarem a si próprios.

Estimule o consumo consciente

É importante, desde cedo, alertar as crianças para o consumo consciente. Passar certas ideias como a economia dos recursos naturais, sensibilizá-los para a diferença entre bens essenciais e não essenciais, ensiná-los a analisar a propaganda que os ataca diariamente na televisão e na internet, apresentar-lhes os benefícios do minimalismo, pode ser fundamental para a sua educação financeira.

Pensar antes de comprar é uma lição fundamental para transmitir nesta altura.

Leve os seus filhos às compras

Crianças no supermercado

Leve os seus educandos consigo às compras quando vai ao supermercado. Existem muitos pais que deixam os filhos em casa nesta situação, para não perderem tempo, mas é importante que os acompanhem de vez em quando, para aprenderem certos procedimentos.

Envolva-os nos processos de decisão de determinados produtos, façam em conjunto uma lista de compras e procurem os produtos em promoção. No entanto, dê o exemplo: não saia fora da lista elaborada e não abuse nas compras desnecessárias. Além disso, evite passeios nas superfícies comerciais ao fim-de-semana.

Deixar as crianças manusearem elas próprias o dinheiro e contarem o troco que recebem, ajuda-as a aprender a importante primeira lição de que mais moedas não significa necessariamente mais dinheiro.

Pode também, por exemplo, transformar as compras online de alguns bens essenciais em momentos de aprendizagem. Deixe a criança utilizar a calculadora do seu telemóvel para somar o custo dos itens que adiciona ao carrinho de compras da loja online. Peça-lhe que o ajude a comparar preços. Fale sobre a diferença entre os bens que necessita e os bens que quer e sobre onde prefere gastar o seu dinheiro. Não deixe de o introduzir a diferentes formas de pagamento, tais como débito, crédito e carteiras digitais.

Mesmo que pague com um cartão de débito ou crédito, explique aos seus filhos que está na realidade a utilizar o seu dinheiro para fazer compras. Por exemplo, mostre aos seus filhos os recibos e o montante de pagamento.

Explique que não pode simplesmente “usar o cartão”, mas que o cartão bancário está ligado à sua conta bancária e a uma quantidade limitada de dinheiro. Se continuar a repetir isto, tornar-se-á um hábito e à medida que envelhecem, começarão a compreender como funcionam as transacções monetárias.

Abra uma conta poupança para o seu filho

É provável que as primeiras interacções dos seus filhos com o dinheiro sejam compras. Eles vêem-no a comprar coisas para si e para a família. Portanto, é importante ensiná-los desde cedo que o dinheiro não serve apenas para gastar, mas que também é preciso poupar dinheiro.

Abra uma conta poupança para o seu filho e mantenha-o a par da situação. Uma criança, a partir dos 5 ou 6 anos, já está preparada para entender certos conceitos bancários. Isto irá ajudar a sensibilizá-la para a poupança, mas também para a gestão do seu dinheiro. Além disso, é uma excelente introdução a determinados termos que, no futuro, vão estar presentes no seu quotidiano: juros, crédito, etc.

Ter a sua própria conta com extratos bancários regulares vai ajudá-lo a sentir-se confiante com a ideia de banca e de poupança.

Mais tarde e quando a idade o permitir, poderá ajudá-los a abrir uma conta de investimento.

Elogie o seu filho

Sempre que o seu filho tomar a iniciativa de poupar ou tenha uma boa atitude em relação ao dinheiro, elogie-o. Desta forma a criança vai sentir-se mais motivada e apreciada pelo seu esforço.

Joguem jogos didáticos

Monopólio

Quando as crianças são mais pequenas os jogos didáticos conseguem bons resultados. Neste caso poderá, por exemplo, experimentar o “Monopólio”.

Mostre-lhe a importância de doar

Um dos valores que é importante ensinar aos seus filhos é o de dar dinheiro a boas causas. Por exemplo, pode dar-lhes um “mealheiro de doação” juntamente com o mealheiro de poupança. Quando tiverem poupado algum dinheiro, pode ajudá-los a escolher uma boa causa para o doar.

Mantenha todos os familiares em acordo

Fale com os outros familiares próximos para que apenas deem dinheiro ao seu filho em determinadas situações. Caso ele se aperceba de que há um familiar que lhe dá sempre dinheiro facilmente, irá recorrer muitas vezes a ele, perdendo assim a noção do valor do dinheiro.

Explique o que é e como fazer um orçamento pessoal e familiar

Demore algum tempo a discutir com as crianças mais velhas o que é um orçamento e que categorias deve incluir, tais como custos de vida fixos, pagamento de dívidas, mercearias, transporte e lazer.

Acompanhe-o no desenvolvimento do seu próprio orçamento e ajude-o a compreender as consequências de um orçamento excessivo para que aprendam a dar prioridade às necessidades sobre os desejos e a estabelecer objetivos a longo prazo para compras de bens mais caros.

Não se endivide

Finalmente, dê exemplos saudáveis aos seus filhos. As crianças tendem a imitar e a seguir os exemplos que veem em casa. Por isso, se não quer que os seus filhos façam determinados erros, evite também fazê-los.

Tão importante como as lições que ensina aos seus filhos sobre dinheiro são as formas como discute e lida com dinheiro quando está com eles. Não deve fazer coisas que confundam o pensamento Por exemplo, se se queixar de ter demasiadas despesas e depois levar os seus filhos às compras de que não precisa, isso irá certamente confundi-los.

Não gaste mais do que tem e não se endivide. Lembre-se que o cartão de crédito não é o mesmo que dinheiro, porque se não houver verba para pagar no fim do mês, os juros serão altos. Além disso, não gaste em demasia no que não precisa.

Se o seu filho estiver habituado a um consumismo desenfreado em casa, irá ter dificuldades em estabelecer limites na sua vida. Promover a moderação é fundamental, para perceber que é possível ter o suficiente para todos, para sempre.

Se quiser que os seus filhos desenvolvam bons hábitos, eles precisam de o ver fazer escolhas inteligentes sobre gastos e poupanças. Ponha em prática o que ensina e seja consistente. Os pais são um grande exemplo para os seus filhos. Aliás, em muitos casos, eles tornam-se os espelhos dos seus pais.

Cultivar a literacia financeira dos seus filhos pode ser um processo moroso. Mas se for consistente no seu comportamento e nas lições que lhes ensina sobre dinheiro e finanças pessoais, cultivará bons hábitos que os ajudarão futuramente.


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TEMU


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