Mecenato virtual e crowdfunding: novas formas de sustentar atividades criativas
Já ouviu falar em mecenato virtual e crowdfunding? Conheça algumas formas de obter dinheiro online através das suas atividades mais criativas.
Aqueles de entre nós que se dedicam a atividades mais criativas, ou mesmo artísticas, conhecem muito bem – talvez mesmo bem demais – as dificuldades e obstáculos em sustentar financeiramente essas atividades.
Especialmente para quem se dedica a elas a tempo inteiro, ou pretende vir a fazê-lo nalgum momento do futuro, qualquer retorno financeiro é mais do que bem vindo. Em alturas particularmente difíceis, dinheiro a entrar pode significar até mais do que isso. Aquilo que noutro momento seria apenas um extra, pode constituir, nesses meses que correm mal, uma autêntica boia de salvação.
Este artigo pretende ajudá-lo nessa luta, mostrando-lhe como a internet veio criar algumas formas de obter dinheiro online através das suas atividades mais criativas. Vamos focar-nos sobretudo em duas formas específicas de o fazer: o mecenato virtual e o crowdfunding. Se não sabe ainda em que consistem estas duas vias, não se preocupe. A explicação vem já a seguir.
MECENATO VIRTUAL – O CASO DO PATREON
Se você escreve um blog, pinta, faz parte de uma banda ou toca um instrumento, ou está envolvido no cinema, o site Patreon pode ser uma boa via para ganhar dinheiro através delas. Além disso, ajuda-o a divulgar o seu trabalho, uma vez que a plataforma se destina a uma audiência global.
Uma outra vantagem, talvez ainda mais interessante, é que esta plataforma lhe permite fazer algo que é extraordinariamente difícil nas áreas artísticas e da criatividade em geral: fidelizar “clientes”. No caso do Patreon, talvez as palavras “patronos” ou “mecenas” se adequem mais.
De facto, aquilo que singulariza esta plataforma e a diferencia das suas congéneres é também o que está na base do seu funcionamento. Explicando de uma forma muito simples, o que motiva um criador a inscrever-se no Patreon é a possibilidade de garantir um rendimento que consiste nas remunerações que os seus patronos (outros utilizadores do site) se comprometem a dar-lhe sempre que este produz e disponibiliza um conteúdo novo.
Ou seja, o esquema de funcionamento desta plataforma é uma espécie de mecenato, mas num sistema em que os mecenas são múltiplos. Isto permite a quem deseja apoiar um artista fazê-lo gastando muito pouco dinheiro, uma vez que essas pequenas quantias, multiplicadas pela quantidade de patronos, resultam em somas bastante mais significativas. Deste modo, o criador garante que, sempre que produz algo de novo, esse conteúdo vai dar-lhe retorno financeiro. Como se pode depreender a partir desta descrição, o Patreon é particularmente indicado para artistas ou criadores que consigam produzir conteúdo regularmente. Espera-se ainda que, o mais regularmente possível, ofereçam conteúdos especiais, ou mesmo acessos especiais a grupos ou eventos aos seus patronos. Desta forma, as pessoas que decidem apoiar um criador recebem uma recompensa pela ajuda que lhe dão. Vendo por outro prisma, estas recompensas também constituem uma motivação extra para os patronos.
Além da regularidade na sua produção, outra preocupação que um autor que esteja inscrito no Patreon deve ter é garantir que consegue transpor os seus trabalhos para um formato digital. O próprio site foi criado a pensar neste tipo de criadores, por um motivo muito simples. Assim, garante-se que os conteúdos podem chegar aos seus consumidores em qualquer lado do mundo, desde que estes disponham de um computador e de uma ligação à internet. Além disso, a melhor forma de angariar patronos é fazê-lo partindo de uma base de seguidores online já bem solidificada.
CROWDFUNDING – TRÊS EXEMPLOS
Para outro tipo de criadores e artistas, contudo, este site pode não ser a via mais adequada para gerar rendimentos a partir da internet. Isto porque, tal como acabámos de ver, o Patreon requer, por um lado, que os criadores consigam criar regularmente e em prazos relativamente curtos e, por outro, que o resultado final da sua atividade possa ser consumido digitalmente.
Se você se encaixa noutro tipo de criadores ou artistas, o crowdfunding pode constituir uma solução bastante mais interessante, sobretudo porque é mais flexível.
Começando pelo princípio, o que é e como funciona o crowdfunding?
Crowdfunding, ou financiamento colaborativo, se preferir a designação portuguesa, é uma forma de angariar fundos para produzir um determinado produto, partindo, tal como no caso anterior, de uma base de vários apoiantes.
Na internet, há várias plataformas que levam este conceito à prática. Talvez as mais conhecidas e que possuem mais utilizadores sejam o kickstarter e o indiegogo. Há até uma plataforma portuguesa, que é a mais indicada no caso de a sua atividade ser desenvolvida em língua portuguesa e não em inglês, e que conta já com uma base de utilizadores bastante razoáveis: o ppl.
Estas plataformas estão vocacionadas para utilizadores que procuram angariar dinheiro para concretizar projetos específicos. Se você escreveu um livro e gostaria de fazer uma edição de autor, se procura realizar uma curta-metragem ou gravar um cd, por exemplo, o crowdfunding pode constituir uma ótima forma de garantir os fundos de que necessita.
Para o fazer, terá primeiro de se inscrever numa destas plataformas. Seguidamente, terá de criar uma campanha de divulgação e angariação de fundos para o seu projeto. Normalmente, estas campanhas têm uma duração de um ou dois meses. Para essa campanha, estabelece-se um objetivo monetário que se pretende atingir. Depois, durante o tempo que durar essa campanha os outros utilizadores podem doar várias quantias para que ela chegue a bom porto, sendo que recebem ofertas especiais que variam consoante o seu donativo.
Normalmente, as plataformas de crowdfunding funcionam num modelo de tudo ou nada. Se os promotores da campanha conseguirem angariar o valor que estabeleceram como objetivo, ficam com ele para realizarem o seu projeto. Se não conseguirem alcançar essa meta, a campanha fica sem efeito e os donativos serão devolvidos aos respetivos utilizadores.
Convém ressalvar que não são apenas os artistas aqueles que podem encontrar utilidade no crowdfunding. A maior parte das plataformas não é reservada a atividades e produtos deste género. Há casos bastante bem sucedidos, por exemplo, de causas sociais, criação de produtos inovadores, ou mesmo de conceitos de negócio.
Tanto no caso do Patreon, como no indiegogo e no kickstarter, os casos de sucesso são mais que muitos. Se desenvolve alguma atividade que se adequa a estas plataformas, de que é que está à espera? Comece já a investigá-las. Quem sabe se não será esse o caminho para estabelecer as bases de uma carreira criativa… 😉
Este conteúdo foi publicado originalmente em: 30/04/2015
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