O “Escândalo Volkswagen” e as suas consequências – estará o seu investimento em risco?
Um olhar sobre as consequências que o chamado “Escândalo Volkswagen” poderá trazer para a sua carteira.
Se o leitor é um habitante do planeta Terra, o chamado “Escândalo Volkswagen” não lhe será com certeza totalmente estranho. Afinal de contas, muito tem este assunto sido abordado e discutido em vários orgãos de comunicação social, nos cafés, nas ruas, ou em mesas de jantar espalhadas por esse país fora.
Contudo, se olharmos para as consequências que ele poderá trazer para a sua carteira, este escândalo logo parecerá merecedor de maior atenção. Especialmente no caso de o leitor ter uma viatura desta marca, ou das outras marcas de automóveis associadas à Volkswagen, é fácil perceber que vale bem a pena debruçar-mo-nos sobre o assunto e olhá-lo de forma mais atenta.
Ao contrário do que se possa pensar inicialmente, os veículos afetados com software manipulado com o fim de adulterar os resultados dos testes EURO 5 não são exclusivamente da marca Volkswagen. Além desta, há ainda veículos da Skoda, Audi e Seat, todas elas pertencentes à mesma empresa que detém a Volkswagen.
A norma EURO 5 e respetivos testes, caso o leitor desconheça ainda essa informação, foram criados com a finalidade de limitar o impacto poluente dos automóveis no meio ambiente e de o controlar. Foi precisamente este processo que alguns elementos da Volkswagen tentaram, presumivelmente, “contornar”.
Comprar um carro é, nos dias que correm, um dos investimentos mais sérios que podemos fazer. E, deste ponto de vista, toda a informação acerca deste processo se torna bem vinda.
O alcance do “Escândalo Volkswagen” em Portugal e no estrangeiro
Correntemente, as estimativas quanto ao número de veículos afetados por este problema andam na ordem dos onze milhões de veículos. Apesar de este número se referir ao mundo inteiro e não apenas ao nosso país, é fácil perceber a dimensão gigantesca deste processo que apanhou meio mundo de surpresa.
Apesar de os números relativos ao nosso país serem, como seria de esperar, bem menores, eles não deixam de ser consideráveis. Até porque, no nosso país, a Volkswagen é a terceira marca de automóveis mais vendida.
Segundo a SIVA, a empresa responsável pela importação de automóveis Volkswagen para Portugal, no nosso país o número de veículos afetados andará perto dos 94.400. Todos eles têm motores a diesel e repartem-se do seguinte modo: 53.700 veículos Volkswagen, 31.800 da Audi e 8.800 da Skoda, aproximadamente. A estes, faltam somar ainda os automóveis da SEAT equipados com o software manipulado. Até ao momento, o número de veículos desta marca ainda não é conhecido, mas não deixará, com certeza, de ser relevante e significativo.
Chegamos, assim, ao cerne da questão que o leitor poderá estar, neste momento, a colocar a si próprio:
“E se o meu carro é um destes 94.400? Em que é que isso me afeta? Que cuidados devo ter? Em que medida é que todo este processo pode prejudicar o meu investimento?”
Para respondermos a todas estas perguntas, teremos, necessariamente, de ir por partes, até porque há novidades recentes sobre o caso. A marca já começou a tentar responder a este complexo problema, o que quer dizer que nem tudo são desgraças relativamente a ele, ou que pelo menos há um caminho que começa a ser percorrido no sentido de encontrar soluções.
O primeiro passo – consultar o site de apoio da marca
A primeira coisa a fazer, se está na dúvida sobre se o seu carro tem ou não o software de manipulação instalado é consultar o site da Volkswagen. Está disponível um portal próprio, criado especificamente para lidar com estes casos. Para dissipar eventuais questões sobre o seu veículo e se este foi “vítima” deste escândalo ou não, basta inserir na plataforma o número de chassis que lhe corresponde para descobrir.
Se preferir tratar do assunto ao telefone, pode também utilizar o número 808 30 89 89, ou ainda enviar um e-mail para o endereço [email protected].
Em declarações recentes, representantes da marca afirmaram ainda que estão a trabalhar intensamente para encontrar soluções para este problema. Acrescentam que farão os possíveis para contactar diretamente todos os clientes afetados neste processo com a maior brevidade possível.
Circulação e segurança – “a minha viatura pode estar comprometida em termos de segurança?”
Segundo a Volkswagen, o software fraudulento não tem implicações nenhumas em termos da segurança dos veículos. Esta informação parece fazer sentido, uma vez que este software só afeta, pelo menos diretamente, o modo como se podem medir as emissões de azoto de cada veículo em que está instalado. Acrescente-se ainda que apenas os veículos com o modelo de motor EA189, um motor a diesel, tal como já referimos, têm este problemático software instalado.
Garantias e devoluções – “será que posso devolver o meu carro? Valerá a pena fazê-lo?”
As informações mais recentes indicam que os veículos que tenham sido comprados há menos de dois anos, ou seja, aqueles que ainda estão dentro do prazo de dois anos de garantia, podem ser devolvidos à marca. Desta forma, estes consumidores são os menos afetados e mais protegidos, uma vez que podem, se decidirem fazê-lo, reaver o dinheiro do seu investimento e trocar de carro.
Estes consumidores podem ainda optar por exigir uma reparação do carro, o que corresponderia à troca do software para que este passe a respeitar as exigências legais, trocar o veículo por um de modelo semelhante, ou ainda requerer uma redução do preço do mesmo.
Já nos restantes casos, os dos carros comprados anteriormente, o caso torna-se um pouco mais complexo. Isto sucede porque estes consumidores deixam de estar protegidos pela lei das garantias em vigor no nosso país.
Pelo contrário, a lei de que se devem servir para reclamar junto dos vendedores ou da própria marca será a lei de defesa do consumidor. Esta lei incute nos vendedores a responsabilidade de prestarem informações claras e corretas sobre os bens que estão a vender. É fácil perceber que, no caso dos veículos afetados, ela não foi respeitada, pelo menos na totalidade. Contudo, provar isso em tribunal poderá não ser uma tarefa tão simples quanto isso.
Algumas considerações finais
O “escândalo Volkswagen”, devido à sua extensão, à importância do fabricante em termos de economia e do mercado automóvel, mas também à sua reputação, teve implicações e consequências, no mínimo, graves. Além das consequências para a marca, que chegou a ver reduzido o seu valor em bolsa em mais de um terço, sobram ainda as consequências para os proprietários.
Este caso parece estar ainda numa fase inicial. Como tal, o melhor conselho que lhe podemos dar é o de ir acompanhando pelos meios que tiver ao seu dispor os seus desenvolvimentos. Poderá fazê-lo através da imprensa ou televisão, de alguns blogues (como este), mas também usando outras estratégias. Por exemplo, talvez não seja má ideia vigiar os preços da marca com alguma atenção, para verificar se há oscilações importantes nos mesmos e poder agir em concordância com estes dados.
Texto da autoria de Bernardo Ferreira
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Excelente artigo! Certamente que te deu mto trabalho.
De facto, é lamentável que a VW tenha intencionalmente defraudado o software no sentido de apresentar resultados favoráveis na emissão de agentes poluidores.
Contudo, se a VW vai e deve ser responsabilizada, o que acontece aos cidadão que fazem por iniciativa própria a extracção do filtro a partículas??
Quando a razão dinheiro está em causa, é sempre a causa ambiental que paga a fatura 🙂
Olá Jotix, é realmente um excelente artigo que foi totalmente redigido por um colaborador deste blog, o Bernardo Ferreira, tal como está indicado em nota de rodapé e que está de parabéns pelo trabalho de pesquisa que fez.
Agora, será que os Centros de Inspeções Automóvel se irão adaptar, tornando-se mais rigorosos e à prova de fraudes deste tipo?
Eu nao qeuro mais carros da volkswagen sinto me engando
Isto é tudo uma treta
esta comunicação social já mete nojo, falem de que sabem, na Europa os carros estão dentro das leis ambientais, a única fraude é terem um software que altera os valores em teste que são mais restringidos na América.