Reduflação: Estamos a ser “roubados”!?

Em vez de aumentarem os preços devido à inflação, as empresas reduzem o tamanho das embalagens, a quantidade e por vezes até a qualidade do produto.

Compras no supermercado

Sente que à medida que o tempo passa, os pacotes das suas batatas fritas preferidas trazem cada vez menos batatas? Bem, pode não ser apenas a sua imaginação, mas sim um caso evidente de reduflação! 😐

Menos cereais, biscoitos ou batatas fritas na embalagem, papel higiénico mais fino, embalagens que mudam e encolhem impercetivelmente, com alterações que muitas vezes passam despercebidas. Outras embalagens permanecem as mesmas, mas com mais ar e menos produto ou ainda com a sua composição alterada, contendo mais água do que antes.

Os métodos são diversos. O objetivo é o mesmo!

O que é a reduflação?

“Reduflação” é um termo relativamente novo que surge da mistura das palavras “redução” com “inflação”. Em inglês, diz-se “shrinkflation”, da junção das palavras inglesas “shrink” e “inflation”.

Em suma, trata-se de uma redução “silenciosa” do tamanho das embalagens e da quantidade, e por vezes da qualidade, dos produtos, sem qualquer aumento visível no preço devido à inflação, visando manter a quota de mercado e o lucro empresarial.

Por exemplo, uma garrafa de 550 ml da sua bebida favorita que era vendida por 2€ há um ano atrás, pode ainda ser vendida pelo mesmo preço agora, mas com apenas 500 ml de líquido na garrafa. A forma da garrafa pode ter mudado para a tornar mais fina no meio, fazendo com que contenha menos líquido, mas essa nova versão pode ser comercializada como se tratando de uma garrafa com “aderência melhorada”, camuflando o facto de estarem a vender menos quantidade.

Os meios de comunicação e a Internet estão agora inundados de relatos relevantes, mesmo identificando mudanças quase impercetíveis. Recomendo que assista ao seguinte vídeo do canal Food Theory, onde poderá conhecer vários exemplos de reduflação na realidade americana entre outras curiosidades muito interessantes:

A verdade é que esta técnica não é nova. Têm sido registados diversos casos de reduflação ao longo dos últimos anos (veja, por exemplo, o caso da Toblerone). No entanto, com a inflação a galopar e os custos de produção a aumentar, cada vez mais empresas recorrem a esta estratégia para se manterem fortes na concorrência.

De qualquer forma, e muito graças às redes sociais, essa estratégia pode se tornar uma enorme dor de cabeça para as empresas a que ela recorrem, levando-as a perder clientes e credibilidade.

Pagar mais ou comprar menos?

Muitas empresas em todo o mundo estão a reduzir os seus produtos de formas que normalmente não podem ser percebidas à primeira vista pelo consumidor, mantendo constante o que os clientes certamente notarão: o preço. Mas na realidade o custo para o consumidor não permanece o mesmo. Na verdade, paga mais, pois o mesmo dinheiro compra menos produto.

Os preços dos produtos podem sofrer aumentos devido a um aumento dos custos comerciais, como o custo de combustíveis, serviços públicos, etc. Quando os custos de produção sobem, os fabricantes podem utilizar ingredientes mais baratos, aumentar os preços, ou, como se tem visto, reduzir a quantidade de produto.

A forma mais simples de uma empresa compensar os aumentos de custos operacionais, seria, à partida, aumentar o custo dos seus produtos sem alterar o seu tamanho. No entanto, desse modo as empresas arriscariam elevar o preço dos seus produtos para além do que os consumidores estão dispostos a pagar. Quem pagaria 7€ por uma caixa de cereais? Assim, em vez disso, alguns fabricantes preferem reduzir a quantidade de produto que vendem mantendo o mesmo preço.

A reduflação é ilegal?

Não vá já a correr pedir o livro de reclamações só porque as suas bolachas preferidas agora estão mais pequenas. Essa estratégia de reduzir a quantidade de produto, mantendo o mesmo preço anterior, é totalmente legal.

Enquanto a empresa informar claramente a quantidade que comercializa, não existe nada de ilegal nisso. Não estamos, portanto, a falar de um caso hipotético de uma embalagem que indique ter 10 bolachas, e que ao abrir descobre que apenas tem 9!

Quando falamos em reduflação, referimo-nos a casos em que, por exemplo, uma embalagem de cereais de pequeno-almoço que “sempre” teve 375g de produto, é agora é vendido com apenas 365g ao mesmo preço ou até mais caro do que antes.

Ou seja, a reduflação é legal, desde que os produtos sejam claramente rotulados, e o negócio não se envolva em práticas desleais ou enganosas.

Evidentemente, que nem todas as empresas que recorrem à reduflação o fazem em segredo. Muitas até podem anunciar essas alterações, podem é escapar à atenção dos consumidores ou não serem suficientemente comunicados.

Porque a reduflação é considerada uma estratégia “pouco ética”

Comecemos por analisar uma estratégia inversa à reduflação. Quando uma marca decide oferecer mais quantidade de produto do que antes oferecia, sem alterar o preço, é muito comum vermos essa indicação em destaque na embalagem e assistirmos a anúncios onde a marca, orgulhosamente, divulga esse “extra”.

Quando é aplicada a estratégia de reduflação, não seria também justo o consumidor ser alertado para tal alteração? É este contraste que pode soar como uma traição para o consumidor, uma vez que a marca se envolve nesta prática em silêncio, escondendo o facto de cobrarem o mesmo preço (ou mais) por menos quantidade de produto.

De facto, as empresas não são obrigadas a oferecer os seus produtos na mesma quantidade e a decisão de os comprar ou não, será sempre do consumidor final. No entanto, à luz da ética empresarial, seria expectável que as marcas fossem mais transparentes e honestas com os consumidores durante um processo de reduflação.

A revolução dos consumidores

Em Portugal, nas redes sociais, já começaram a surgir algumas queixas relacionadas com práticas de reduflação. O que significa que os consumidores estão atentos e empenhados em denunciar publicamente as marcas que, de forma pouco transparente, aplicaram essa estratégia.

Os consumidores têm comparado fotos de antigos e de novos pacotes do mesmo produto, que continua a ser vendido ao mesmo preço. A diferença é geralmente óbvia, mas por vezes só se nota após a abertura da embalagem.

Como evitar pagar mais por menos?

Numa ida ao supermercado, nem sempre é fácil nos apercebermos se o produto que pretendemos comprar sofreu uma reduflação. E mesmo se apercebendo de tal, se não existirem alternativas a esse produto, não terá como escapar.

Seja como for, existe uma regra básica para pagar menos por mais em qualquer situação: verificar e comparar os preços não com base no custo da embalagem em questão, mas do produto por quilo, por litro ou por unidade, como é normalmente indicado nos rótulos das prateleiras.

Caso necessite de fazer cálculos rápidos de preços por quilo ou por unidade, pode utilize as nossas calculadoras.

Outra dica: adquira menos alimentos pré-embalados. Uma única banana, uma alface, ou uma dúzia de ovos não são tão suscetíveis de “encolher”, e os aumentos de preços serão mais evidentes.


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