Posso usar o protetor solar do ano passado?

Será que podemos reutilizar em segurança o protetor solar do verão do ano passado? A sua eficácia estará comprometida?

Protetores solares usados

É, sem dúvida, um dos dilemas mais comuns nesta altura do ano. O que fazemos com o protetor solar que nos sobrou do ano passado? Está “estragado” ou podemos ainda aproveitá-lo para este ano?

Obviamente que muitos de nós (especialmente os fãs do Poupa e Ganha 😛 ), não gostamos de deitar fora algo pelo qual pagámos, por mais barato que seja. Se ao abrirmos a embalagem do protetor solar que sobrou do ano anterior, cheiramos, verificamos a textura e não vemos nada de errado, por que motivo haveríamos de desperdiçá-lo!?

Mas será essa a atitude mais correta? Muitos especialistas responderão: “provavelmente não”, enquanto outros nos deixarão mais tranquilos afirmando que os protetores solares são produtos concebidos para resistirem ao sol e que, como tal, não se estragam assim tão facilmente.

Fizemos uma pesquisa na internet e compilámos alguns factos a ter em conta antes de decidirmos usar ou não os restos de protetor solar do ano passado.

O protetor solar tem prazo de validade?

Como todos os produtos cosméticos, os protetores solares também têm prazo de validade.

Segundo a FDA, a U.S. Food and Drug Administration, os protetores solares expiram no máximo 3 anos após a sua data de fabrico, se forem armazenados num local escuro e fresco e não forem abertos.

Para garantir que o seu protetor solar fornece a proteção solar prometida na sua rotulagem, a FDA recomenda que não utilize protetores solares que tenham ultrapassado a sua data de validade (caso exista), ou que não tenham uma data de validade e que não tenham sido comprados nos últimos três anos. Os protetores solares fora de prazo devem ser descartados porque não há garantias de que permaneçam seguros e totalmente eficazes.

U.S. Food and Drug Administration – Sunscreen: How to Help Protect Your Skin from the Sun

É comum encontrarmos impresso na embalagem o símbolo característico de um frasco com a tampa aberta e junto a ele um número com uma letra. Por exemplo, se diz 12M, significa que o prazo de validade após a abertura, é de um ano.

Símbolo 12M numa embalagem de protetor solar
Este símbolo indica o Prazo Após Abertura (PAO) de um produto, que neste caso é de 12 meses

Na prática, o prazo indicado nesse símbolo nem sempre garante que o produto está em bom estado e cumpre a sua finalidade. Dadas as condições extremas a que normalmente expomos a embalagem de protetor solar, é habitual que a degradação da sua qualidade e eficácia, sejam mais precoces.

Ao contrário de outros cosméticos que ficam bem guardados e protegidos no armário da nossa casa de banho, os protetores solares “passeiam” connosco até à praia, onde são constantemente expostos à luz solar, ficam esquecidos num carro, sujeitos a altas temperaturas, etc.

Há até quem afirme preferir usar um protetor solar “expirado” mas fechado, do que um que não tenha ultrapassado a sua vida útil, mas que tenha sido aberto e exposto às condições acima referidas.

Como armazenar o protetor solar para o manter em bom estado por mais tempo

  • Se o seu protetor solar tiver indicação do prazo após abertura, escreva na embalagem a data em que a abrir pela primeira vez.
  • Guarde a embalagem com a tampa sempre bem fechada.
  • Na praia, piscina, etc., proteja a embalagem do sol e das temperaturas elevadas, guardando-a à sombra numa bolsa debaixo do guarda-sol, ou até mesmo numa mala térmica.
  • Em casa, guarde a embalagem num local seco, longe da ameaça de humidade, calor e luz solar.

Como saber se o protetor solar está em bom estado

Como podemos saber se um protetor solar está prematuramente “expirado” e o que nos pode acontecer se o utilizarmos nesse estado?

Os sinais de deterioração num protetor solar nem sempre são visíveis. Raramente teremos um cheiro estranho ou uma textura aguada, exceto se for um creme comprado há uns 5 ou mais anos! 😛

Mais frequentemente veremos mudanças na cor ou na consistência do produto. Quando escurece ou não se espalha uniformemente, é um sinal de que o equilíbrio da fórmula entre os ingredientes ativos e não ativos que contém foi perturbado.

Mesmo que assumamos que as alterações superficiais não nos incomodam, não devemos ignorar os danos invisíveis, mas graves: o enfraquecimento dos filtros de proteção solar.

Os ingredientes dos filtros químicos são alterados a nível molecular. A sua estrutura sólida, que lhes permite absorver a radiação UV, é decomposta e perde a capacidade de bloquear todos os raios UV nocivos. Os filtros minerais, embora não se alterem, deixam de proteger devidamente a pele. Em condições normais, as micropartículas de dióxido de titânio e de óxido de zinco estão distribuídas uniformemente na composição do protetor solar. Com o passar do tempo, estas micropartículas juntam-se e fazem com que ao aplicarmos o produto na pele, os filtros fiquem num lugar e faltem noutro.

Embora ainda não esteja claro quão rapidamente um protetor solar pode perder a sua eficácia, os especialistas concordam que uma longa exposição à luz solar e às temperaturas elevadas – por exemplo, na praia ou num carro estacionado ao sol – reduz a eficácia dos filtros para metade, de modo que o FPS (fator de proteção solar) passa a oferecer muito menos proteção do que a anunciada na embalagem.

A maioria dos especialistas diz que quanto mais baixo for o FPS, mais depressa perderá a sua capacidade de nos proteger eficazmente. Já que, apesar de pertencerem à mesma gama e terem a mesma fórmula, um protetor solar com FPS 50 e outro com FPS 15 diferem no seu conteúdo de ingrediente ativo (filtro). Assim, enquanto o primeiro ainda pode reter parte do seu poder para filtrar os raios ultravioleta nocivos, o segundo provavelmente já o esgotou.

Curiosamente, há uns anos uma associação de consumidores de Itália decidiu elaborar um pequeno teste para pôr à prova a eficácia dos protetores solares de um ano para o outro. Reuniram 8 dos protetores solares mais conhecidos no mercado, com SPF 50+, e simularam em laboratório, condições semelhantes às que se aplicariam se tivessem sido abertos 12 meses antes e expostos ao sol e a temperaturas na ordem dos 40 °C durante 15 dias e à constante abertura e fecho da tampa. O resultado foi surpreendente: nenhum dos produtos mostrou qualquer deterioração na textura, cor ou cheiro e, o mais interessante, o FPS em todos eles permaneceu no FPS 50+!

O problema é que não temos forma de comprovar a fiabilidade desse teste, pelo que nada nos garante que o SPF 50 do nosso protetor do ano passado ainda se mantém ou se esse fator baixou. Por isso, é melhor não correr riscos porque as queimaduras solares e o fotoenvelhecimento estão à espreita!

Devemos deitar o protetor solar ao lixo no fim do verão?

A questão mantém-se: não é uma pena deitar os protetores solares ao lixo? Sim, claro que é uma pena. Mas podemos dar-lhe outra utilidade após terminar o verão!

Mesmo que o fator de proteção solar já não esteja no seu auge ou não seja necessário, esse produto continua a ser um ótimo hidratante para utilizar como creme corporal. E se tiver fragrância, andará todo o ano com “cheirinho de verão”! 😀


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