Os conselhos da Mónica: Desabafos…

Excelente artigo de opinião da autoria de Mónica Carvalhido. Crise e austeridade são os temas centrais deste artigo redigido pela consultora financeira.

Mulher preocupada

Perdoem-me os leitores por esta falta de publicações.

Tenho andado absorvida com tudo o que se passa no nosso país e a fazer grandes esforços para me manter focada.

Não sei se serei só eu, mas ando muito confusa… Em jeito de diário vou partilhar convosco os meus desabafos.

BANCO DE PORTUGAL – SUBSÍDIOS DE FÉRIAS E DE NATAL

Há dias ouvi nas notícias que os funcionários do Banco de Portugal vão poder ter subsídio de Férias e subsídio de Natal, ao contrário de muitos outros funcionários públicos deste país.

Nem estranhei muito, até ouvir a justificação – fazem parte de uma entidade que gera lucros, autónoma, capaz de se gerir a si própria e por isso, ao que parece, não é tão pública quanto outras.

Confesso que depois do primeiro impacto fiquei aliviada, tudo fez mais sentido, antes eu pensava que era dever do Banco de Portugal garantir que a posição cartelista da banca não prejudicava os clientes, pensei até que era dever deles legislar, fiscalizar, punir, enfim precaver manipulações financeiras daquelas à séria, daquelas tipo BPN, estão a ver?! Afinal não, afinal eles trabalham com outros propósitos, são independentes financeiramente, não dependem dos nossos impostos, têm outros rendimentos. Assim até já faz sentido a promoção do Dr. Vítor Constâncio!!

E pronto lá estava eu a achar que tinha percebido um bocadinho de alguma coisa, quando fui surpreendida pela notícia: “O Banco de Portugal passa a ter autonomia para despedir administrações de bancos quando entender que estas colocam em risco a política esperada”.

O meu primeiro pensamento foi “deve ser engraçado ter poder suficiente para despedir os próprios superiores…”, mas é claro que depressa percebi o meu próprio disparate, seria absolutamente dramático entender a banca como superior hierárquico do Banco de Portugal. Até porque se assim fosse mais parecia um lobby do que outra coisa. Foi um devaneio meu, sem qualquer sentido. Mas estou até agora a tentar perceber para quem é que eles afinal trabalham…

ESTAMOS A UM PASSINHO DA BANCARROTA…

Algures no meio destes pensamentos, comecei a dar por mim a achar que o problema do nosso país é este – andamos para lá e para cá sem percebermos muito bem ao que vimos e para onde vamos.

Estamos em crise, fartinhos da austeridade, em greves e manifestações, os mais ousados mandam o Coelho sair da toca…

Mas lá está, fiquei confusa outra vez… Estamos em crise, o dinheiro não chega para nada, perguntam-se até se a única solução será emigrar. E no mesmo dia em que se protesta por uma vida melhor, abrem as bilheteiras para o concerto da Madonna. Ao fim de uma hora venderam-se 6.000 bilhetes, a um preço simbólico que ronda os 100€…

E eu penso? Mas esta gente acredita mesmo que isto é só um problema de vontade do governo? Será que dos milhares de pessoas que estiveram no Terreiro do Paço haverá uma, apenas uma, que consiga dizer o que aconteceria ao país se afinal se abolisse a austeridade (e de preferência que não tenha pago uma pequena fortuna para ir ver a Rainha do Pop)… Estamos a um passinho da bancarrota e o conselho é… dar um passo à frente??!! Hummm…. não me parece assim tão boa ideia…

POUPAR ESTÁ E ESTARÁ NA HORA DO DIA!

Temos mesmo que fazer esforços, temos mesmo que controlar as nossas finanças, temos de poupar – aliás poupar está e estará na hora do dia!

Não vale a pena passarmos a mão pela cabeça e dizer “deixa-me aproveitar que também mereço”, “hoje é hoje, amanhã logo se vê”, “trabalho a semana toda para levar migalhas, se de vez em quando fizer asneiras também sou filho de Deus”.

Se não formos nós a preocuparmos-nos connosco dificilmente o nosso governo o fará. Protestar sem saber as consequências das alternativas que pedimos não é solução. Vamos olhar para dentro das nossas casas e perceber o que temos de fazer diferente para continuar a ter uma vida digna e com qualidade. Vamos distinguir o fundamental do acessório e encontrar alternativas.

Saber gerir dinheiro é fundamental, nem todos lidamos bem com isso, mas podemos sempre recorrer a quem percebe, certo?!

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7 Comentários

  1. Minha cara, entendo perfeitamente o seu desabafo, só é pena que não haja mais gente a abrir os olhos…
    No entanto, não tenha ilusões, isto não tem a haver com ciclos da economia, mas sim de planos escrupulosamente engendrados com muita antecedência e sem qualquer emoção. Veja, não se trata apenas de guerras por Poder, é muito mais complicado. Os políticos e banqueiros, ao contrário do que se pensa, são apenas peões, eles servem outros mais poderosos. Acredite se quiser, estes senhores servem répteis que manipulam os humanos há milhares de anos. Eles alimentam-se das emoções negativas dos humanos, se for boa em história, poderá constatar que as civilizações antigas adoravam répteis. Porque é que acha que o Deus da Bíblia gostava de guerras e sacrifícios? Não me vou demorar mais neste assunto, pois pode parecer demasiado fantasioso.

  2. Grande artigo, parabéns.

    É preciso não ceder a loucuras consumistas da moda, poupar e encontrar a felicidade no modo de vida possível e sustentável que se tem ou devia ter.

    Cumprimentos,
    António

  3. Portugal ta cada vez mais perto de um final trágico…
    Ate os ministros ja admitem que a crise vai durar decadas! Ja me estou a ver velho e ainda a falar-se de crise.
    Ainda bem que existem aqui tantas dicas de poupança para nos dar asas à imaginação de como havemos de poupar ainda mais.

    1. Qual é a admiração, Portugal sempre esteve em crise!
      No entanto, aquilo a que chamam de crise é apenas o fruto de roubos em larga escala por aqueles que nos governam. Quando é que as pessoas vão entender que os “desvios”, “luvas brancas”, “sacos azuis” e tantos outros, são roubos aos cidadãos?!
      A lei é bem clara: roubar é crime! Porque é que ninguém ainda fez queixa?
      Vejam, quando um cidadão é assaltado, dirige-se à esquadra e tribunais, conforme a gravidade, ou seja, recorre ao sistema jurídico. Lembrem-se, vivemos numa democracia, que apesar de ser representativa, a ultima palavra deve ser do povo. Da mesma forma que temos o poder de os eleger, também os podemos banir, por enquanto…
      Se nos demorarmos a intervir legalmente, em breve poderá ser demasiado tarde, porque aos poucos vão alterando as leis, especialmente da Constituição para os beneficiar.
      Esqueçam as leis de mercado e da economia, concentrem-se nas leis. Aqueles do povo que tiverem formação e entendimento das leis, juntem-se e hajam enquanto é tempo…
      Se não entenderem o que acabei de dizer, lamento(:

  4. A vida está cada vez mais difícil e o pouco que temos de ser bem poupadinho, já nem sabemos é como fazer isso, infelizmente o dinheiro não estica.

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